Recentemente dei uma entrevista para o jornal O Diário sobre a profissão de designer gráfico em Campos. É claro que não se pode publicar tudo no jornal por questões de espaço. Por isso, se você quiser (e tiver saco) pode ler aqui a entrevista completa.
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Quando você começou como designer?
Comecei a "brincar" com o que viria a ser minha profissão quando tinha uns 10 anos, quando ganhei meu primeiro computador, um MSX Expert com 256kb (isso mesmo) de memória. Naquele tempo, fazia algumas capas de fitas k7 para músicos da cidade, alguns projetos, ilustrações, apostilas, etc. Tudo muito primário. Depois, com um PC XT comecei nos primeiros cartazes e trabalhos que já me rendiam alguma grana. Daí a um tempo veio o primeiro emprego com carteira assinada num jornal da cidade.
No início você já tinha especialização?
Nenhuma. Comecei como um curioso, gostei da brincadeira e fui me envolvendo.
Quando se especializou?
Em 2004, quando me formei como Tecnólogo em Design Gráfico no CEFET Campos. Porém já trabalhava no mercado há tempo. Oficialmente, comecei na profissão com 19 anos, ou seja, há 14 anos atrás.
O que você acha do mercado de Campos?
O mercado de Campos está em franca expanção pois até agora um número muito pequeno de empresas usam design MESMO. O problema é a mentalidade do empresário campista. Ainda se pensa que investir em design é investir em algo supérfluo. Muitos nem sabem o que é design. Esse é um pensamento ultrapassado, contrário à realidade de uma economia global. Mas graças a Deus temos também os empresários que entendem que sua marca é muito mais do que meramente um desenho na fachada da loja. Tudo é uma questão de valor. Se você precisa fazer uma operação, certamente vai procurar o melhor médico e não um curioso qualquer. Guardando as devidas proporções, com a comunicação visual deveria ser igual. Já se sabe que uma marca bem trabalhada pode valer mais que todo o patrimônio de uma empresa. Colocar sua marca para ser gerenciada por um "sobrinho que mexe com CorelDraw!" ou pelo "rapaizinho talentoso da loja da esquina" é muito preocupante. Mas acontece, e a prova está diante dos nossos olhos. Basta andar na cidade olhando alguns letreiros, fachadas, folders etc. e observar o que se produz. É terrível.
Você acha leal a concorrência entre "artistas do micro" e designers?
Acaba sendo desleal pois muitos desses "micreiros", como alguns chamam, fazem esses trabalhos como bico e não como profissão. Trabalham em casa, não pagam impostos, aluguel, funcionários entre outras despesas. Isso permite que cobrem preços cada vez mais baixos. Muitos fazem até de graça, só pra ganhar um convite para festa ou colocar sua assinatura num outdoor. Porém esses "micreiros" só existem por que tem quem faça esse jogo e compre o trabalho deles. Isso se torna prejudicial para todos, ou seja, quem vive de design e quem pretende viver um dia.
Qual seria a solução para que os designers, já formados, possam se impor no mercado?
O "micreiro" sempre vai existir, pois sempre existirão clientes que não se preocupam com qualidade, e sim com preço. Mas o mercado está mudando e o espaço para o profissional de criação está crescendo. O problema é que somos uma classe muito desunida. Acho que o designer autodidata, iniciante, precisa buscar sua especialização e não vender seu trabalho a preço de banana pois isso prejudica seu próprio futuro e é um caminho sem volta. Esse papo de que "depois a gente melhora esses valores" é balela. Também acho que os designers com formação acadêmica precisam descer do pedestal e se adequar ao mercado. Muitos se esconcondem atrás do diploma e se acham a nata da criatividade, querendo cobrar valores irreais, mas na hora do portifólio vê-se que não são grande coisa. Pra mim, essa "imposição" só tem um caminho: talento. Se o profissional tiver um bom trabalho que atenda às expectativas do cliente (financeiras e mercadológicas) ele ganha o mercado. Seja bom no que faz, cobre o justo e aí sim conseguirá se impor no mercado.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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